Agosto, 2023 - Enfrentar a onda de desinformação e fake news sobre obesidade e emagrecimento saudável pode ser um desafio, pois ainda existem muitos estigmas e preconceitos. Apesar de a obesidade ser uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, a sociedade ainda relaciona a condição a maus hábitos e comportamentos individuais, como preguiça de praticar atividades físicas, excesso ou compulsão por comida, falta de vontade e autocontrole, entre outros aspectos. No entanto, os avanços científicos têm esclarecido que a obesidade é uma condição crônica complexa e cada pessoa vivencia essa doença de maneira única, moldada por sua jornada pessoal.

Diante disso, é fundamental desmistificar alguns dos principais equívocos que cercam o excesso de peso, oferecendo informações confiáveis para quem está em busca de caminhos saudáveis e sustentáveis para o emagrecimento. Confira a seguir!

Mito 1 "É fácil perder peso, basta comer menos e se exercitar mais."

Na verdade, como falamos acima, perder peso é uma questão que vai além da relação entre consumo e gasto de calorias. Precisamos levar em conta a vivência individual de cada um. Estar acima do peso é uma condição, na maioria das vezes, ocasionada por diversos outros motivos como fatores genéticos, metabólicos, sociais, ambientais e psicológicos. Então, embora a dieta e a atividade física sejam componentes cruciais para o emagrecimento saudável, não são os únicos determinantes. Para alcançar resultados eficazes, é essencial repensar o estilo de vida, adotando cuidados multidisciplinares como alimentação saudável, prática regular de atividade física, cuidados com a saúde mental, aliados ao acompanhamento médico e, em diversos casos, com o apoio adicional de tratamento medicamentoso.

Mito 2 "Emagrecer é uma responsabilidade individual e uma questão de força de vontade."

É possível escutar esta frase não apenas de amigos e familiares, mas até de profissionais da saúde. Para se ter uma ideia, segundo estudo do ACTION IO(referência)¹, que analisou pessoas de 9 países diferentes, 81% dos participantes disseram se sentir os únicos responsáveis pela sua perda de peso. Além disso, 30% dos profissionais de saúde afirmaram que a perda de peso é responsabilidade total dos pacientes.

Mas ao contrário do que se acredita, a obesidade não deve ser vista como uma escolha individual. Para enfrentá-la é necessário contar com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos. Além, é claro, do apoio de familiares e amigos, que são essenciais durante o processo de emagrecimento. Juntos, profissionais e cuidadores podem oferecer o suporte necessário para que o paciente se mantenha motivado durante essa jornada.  

Mito 3: "Produtos 'milagrosos' garantem a perda de peso"

Desconfie de soluções naturais que prometem resultados específicos de curto prazo. É preciso ser extremamente cauteloso com métodos de emagrecimento imediato e frequentemente divulgados como soluções milagrosas para perda de peso. Embora essas propostas possam parecer atraentes, geralmente não são sustentáveis a longo prazo e podem representar riscos significativos à saúde. Muitos desses métodos contêm substâncias não regulamentadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e podem resultar em deficiências nutricionais ou sobrecarregar órgãos como fígado e rins. Além disso, o emagrecimento rápido, sem acompanhamento médico, geralmente, envolve a perda de massa muscular, não de gordura corporal, o que pode trazer impactos negativos para a saúde, como a redução do ritmo metabólico, contribuindo para o reganho mais rápido do peso após o fim da dieta.

É fundamental entender que, além da mudança de estilo de vida, já mencionadas, o emagrecimento saudável envolve o acompanhamento médico e é um processo que leva tempo.

Mito 4: “A obesidade é determinada apenas pelo IMC”

O Índice de Massa Corporal (IMC), uma fórmula que leva em conta o peso e a altura da pessoa (consulte aqui– link para Abeso), é a ferramenta utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como indicador primário para diagnosticar a obesidade. Contudo, a avaliação da condição vai além desse cálculo inicial.

Deve-se considerar também as medidas de circunferências abdominal, cintura e quadril, pois a distribuição da gordura no corpo é um fator crucial para entender a doença. Por exemplo, indivíduos que possuem uma concentração maior de gordura no tronco geralmente apresentam riscos mais elevados de desenvolver condições de saúde relacionadas à obesidade.

Além disso, o índice de gordura corporal, que pode ser avaliado por meio de exames como a densitometria de corpo total e a bioimpedanciometria, oferece uma visão mais precisa da composição corporal. Outros exames clínicos e de sangue também podem ser úteis para uma análise mais abrangente e precisa.

Portanto, embora o IMC seja uma ferramenta útil para um filtro de avaliação preliminar, é importante reconhecer que o diagnóstico da obesidade requer uma avaliação multidimensional que leve em conta vários outros fatores.

Com esse conhecimento em mãos, é possível tomar decisões mais seguras na jornada de emagrecimento. Com o apoio adequado, é possível alcançar resultados significativos que impactam na redução de outras comorbidades e melhorias na qualidade de vida. Para saber mais sobre obesidade, acesse: https://www.novonordisk.com.br/disease-areas/obesity.html  

Referências:

1. Caterson ID, Alfadda AA, Auerbach P, et al. Gaps to bridge: Misalignment between perception, reality and actions in obesity. Diabetes Obes Metab. 2019;21:1914–1924. https://doi.org/10.1111/dom. 13752

2. Styne DM, Arslanian SA, Connor EL, et al.. Pediatric Obesity-Assessment, Treatment, and Prevention: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2017 Mar 1;102(3):709-757. 

3. Ministério da Saúde. VIGITEL Brasil, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoessvs/vigitel/vigitel-brasil-2021-estimativas-sobre-frequencia-e-distribuicaosociodemografica-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencascronicas/.Acesso: 27/01/2023. 

4. Styne DM, Arslanian SA, Connor EL, et al.. Pediatric Obesity-Assessment, Treatment, and Prevention: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2017 Mar 1;102(3):709-757. 

5. CDC. Deaths Attributable to High Body Mass in Brazil. Disponível em: https://www.cdc.gov/pcd/issues/2019/19_0143.htm?fbclid=IwAR1tC0N3Mt2plS GY7arsD-eb97is9caPq_GBZuP9Z7g_uniUT9cuxirupi8 Acesso: 27/01/2023. 

6. Styne DM, Arslanian SA, Connor EL, et al.. Pediatric Obesity-Assessment, Treatment, and Prevention: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2017 Mar 1;102(3):709-757. 

7. Browning LM, Hsieh SD, Ashwell M. A systematic review of waist-to-height ratio as a screening tool for the prediction of CV disease and diabetes: 0·5 could be a suitable global boundary value. Nutr Res Rev. 2010;23(2):247-69. 

8. Stabe C, Vasques AC, Lima MM, Tambascia MA, Pareja JC, Yamanaka A, Geloneze B. Neck circumference as a simple tool for identifying the metabolic syndrome and insulin resistance: results from the Brazilian Metabolic Syndrome Study. Clin Endocrinol (Oxf). 2013 Jun;78(6):874-81.